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OVerão Tardio

Novo livro de Luiz Ruffato

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  "Em meio a um Brasil que parece ir do projeto à ruína a todo momento, ‘O verão tardio’ , novo romance de Luiz Ruffato, premiado escritor e colaborador deste Chuteira FC, propõe uma reflexão sobre uma sociedade em que as classes sociais romperam completamente o diálogo e, como afirma um de seus personagens, se tornaram “planetas errantes” prontos para entrarem em rota de colisão e se destruírem.”

  Uma narrativa poderosa sobre um homem e suas tentativas de reatar os fios do passado. Uma jornada às bordas de um Brasil cindido, em que o diálogo não parece mais possível. ‘O verão tardio’, sexto romance de Luiz Ruffato, é uma história de inadequação. Depois de mais de vinte anos, Oséias, um homem abandonado por mulher e filho, decide regressar a sua cidade-natal, Cataguases, em Minas Gerais. Durante seis dias, seguimos passo a passo suas andanças, visitas a familiares, encontros com velhos personagens locais. A sombra do suicídio de uma de suas irmãs, Lígia, e a comunicação falha com praticamente todos a sua volta acompanham suas tentativas de reatar os fios do passado.

 

Confira trecho de ‘O verão tardio’ com uma referência ao futebol: 
 

(trecho do romance O verão tardio, a ser lançado dia 22 de abril pela Companhia das Letras)
 

Salão Dois Irmãos – Édson e Edinho, a seta aponta para os fundos de uma galeria, a pintura da placa descascada. Entro. De imediato, um dos irmãos dobra O Globo e larga sobre o sofá, levanta, “Boa tarde!”, diz, o nome Edinho bordado em preto no bolso do guarda-pó azul-claro. “Boa tarde!”, ecoa o outro irmão, o nome Édson bordado em preto no bolso do guarda-pó azul-claro, que corta com vagar o cabelo de um homem, sucumbido sob o enorme lençol branco-amarelado. “O que vai ser?”, Edinho pergunta. “Barba”, respondo. Tiro a mochila e o boné, deixo no sofá junto com o saquinho de plástico. Ele aponta a cadeira antiga, em frente à flâmula do Botafogo, campeão brasileiro de mil novecentos e noventa e cinco. Sento. Além da cadeira, tudo é antigo no salão, o ladrilho hidráulico, o pé-direito alto, o balcão, os espelhos, as tesouras, a máquina de cortar cabelo, os pentes, as escovas, as manchas nas paredes, as teias de aranha no teto, o talco, a loção, eles mesmos, baixos, quadrados, muito parecidos, cabelos pretíssimos de tintura penteados de lado. Edinho retira meus óculos, me estende um pano sobre o peito, derrama um pó branco numa pequena tigela de louça, abre a torneira, despeja água e, revolvendo com o pincel, vai formando a espuma. “Além do quê, o David Luiz nem nasceu aqui”, ele diz, retomando a conversa interrompida. Pega a navalha e pacientemente afia num pau-de-pita. “Mas o pai dele é daqui!”, Édson contesta, a flâmula do Flamengo, campeão mundial de mil novecentos e oitenta e um, em frente. “Se for assim”, Edinho argumenta, “nenhum supera o Friaça!”. “Friaça!? Aquele da seleção de cinquenta?”, pergunta o homem quase escondido sob o lençol. “Esse mesmo! O Friaça era de Porciúncula, mas tinha parentes em Cataguases”, Edinho explica, agora afiando a navalha na pedra-turca. “A comadre da nossa mãe era casada com um Friaça, o seu Argemiro”, Édson complementa. Edinho esfrega meticulosamente os pelos do meu rosto com um lenço embebido em álcool. Fecho os olhos. “Se contar somente os nascidos em Cataguases, aí o maior de todos é o Rosene!”, ele fala. “Rosene?”, Édson repete, indignado, “O Rosene não era nada perto do Dinheiro, lembra?, que jogava no Manufatora”. “O Rosene jogou fora, no Rio de Janeiro”, Edinho argumenta. “O Dinheiro não quis, veio gente de São Paulo tentar convencer ele”, Édson defende. A voz titubeante do homem encolhido na cadeira oferece uma opinião, “Pra mim, o melhor é o Wilmar, que jogou no Atlético, na Inter de Limeira, no Bangu, jogou até na seleção brasileira de júnior, e que (…)”. Adormeço.

Luiz Ruffato lendo trechos de seu livro 

Ruffato marca presenças / CONVITE

 

 

                                Ruffato  lançará  seu livro em várias cidades até  13 de junho.             

 

                                                                          Locais


7 de maio - São Paulo (Livraria Martins Fontes - Avenida Paulista, 509) - a partir das 18:30
9  de maio - Rio de Janeiro (Livraria da Travessa - Rua Visconde de Pirajá, 572, Ipanema) - a partir das 18 horas
11 de maio - Juiz de Fora (Bar da Fábrica - Avenida Getúlio Vargas, 200) - a partir das 11 horas
13 de maio - Cataguases (Centro Cultural Humberto Mauro - Praça Rui Barbosa) - a partir das 18 horas
14 de maio - Belo Horizonte (Auditório da Cemig - Rua Alvarenga Peixoto, 1220 - Santo Agostinho) - a partir das 19 horas
30 de maio - Maringá (PR) (Livraria Curitiba - Shopping Maringá Park) - a partir das 19h30
8 de junho - São Paulo (Livraria Tapera Taperá - Avenida São Luiz, 187 - 2º andar, loja 29, centro) - a partir das 11 horas
13 de junho - Brasília (Sebinho -SCLN 406, Bloco C, Loja 44 - Asa Norte) - a partir das 18h30


 

© 2019 Por Vera Lúcia L. Dias.  Todos os direitos reservados.

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