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BRASIL : UMA BIOGRAFIA

Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa Starling
VERA DIAS - RETRATO.png
RESENHA DA PROFª VERA DIAS

     

    Comprei o livro Brasil: Uma Biografia de Lilia Schwarz e Heloísa Starling, ano passado, e me surpreendi. Ele é como o nome diz, uma biografia: uma narrativa fundamentada no cotidiano, em episódios aparentemente corriqueiros.

     E, para isso, é importante que a obra tenha sido uma colaboração entre uma historiadora e uma antropóloga: porque os pequenos fatos também são apresentados para a compreensão da narrativa. Dividida em dezoito capítulos, a “biografia” pode ser lida como o reverso de uma epopeia: nada é grandioso ou espetacular. Tudo é descrito de uma forma bem "pé-no-chão", digamos assim.

    O texto das autores é  acessível e bastante agradável, observei nas referências o produto de uma vasta documentação original e rica iconografia, Lilia Moritz Schwarcz e Heloisa Starling propõem uma nova (e pouco convencional) história do Brasil.


    Nessa travessia de mais de quinhentos anos, se debruçaram não apenas somente em abarcar a  história convencional  mas também sobre o cotidiano. Se é para ser uma biografia, as autores prestaram atenção no detalhe. Pois ele conta e muito nesse gênero de literatura.  E isso , suponho, deve ter sido para as autoras uma empreitada difícil, tanto que reparei que ao longo da obra elas procuraram  manter um diálogo constante com aqueles autores que, antes delas, se lançaram na difícil empreitada de tentar interpretar ou, pelo menos, entender o Brasil.


    A história que surge dessas páginas é a de um longo processo de embates e avanços sociais inconclusos, em que a construção falhada da cidadania, a herança contraditória da mestiçagem e a violência aparecem como traços persistentes.
 

       A seguir, exponho alguns comentários de críticos e historiadores de destaque que colhi na minha pesquisa para a confecção dessa resenha sobre o livro :

“Biografar é, por essência, a tentativa de contar a trajetória de uma determinada existência a partir da observação e do confronto entre duas esferas específicas - a pública e a privada -, sempre na busca de um entendimento mais claro sobre o quanto (e de que modo) ambas se impactaram mutuamente. É isso que propõe este livro: estabelecer conexões entre o pano de fundo da chamada grande história com aspectos do cotidiano, da vida privada e do ambiente artístico e cultural, nos mais diferentes períodos e momentos vividos pelo Brasil e pelos brasileiros. As autoras, com singular competência, conseguem aliar clareza e consistência, densidade e fluidez, rigor histórico e prazer do texto.” - Lira Neto

“Este livro é uma biografia não autorizada de um personagem complexo chamado Brasil. Ele combina com muita qualidade várias facetas desse personagem que se forma e se transforma ao longo de mais de cinco séculos, e continua se transformando até onde a vista pode alcançar.” - Boris Fausto

“Estamos diante de uma biografia não autorizada do Brasil, livre de esquemas rígidos de interpretação, de oficialismos, de preocupações de exaltar ou condenar. Trata-se de relato interpretativo novo, desafiador, vazado em linguagem transparente, alheia a jargões acadêmicos. O leitor reconhecerá nele o país em que vive, com suas luzes e sombras, e se sentirá encorajado a participar da aventura de o construir.” - José Murilo de Carvalho

“Há tempos precisávamos de uma história do Brasil abrangente, sensível e ancorada em pesquisa rigorosa. Um trabalho que ao mesmo tempo reconhecesse os avanços extraordinários dos últimos cinco séculos mas que também tratasse com franqueza dos muitos obstáculos para a constituição de uma cidadania social, política e racial plena. Vem assim muito a calhar este extraordinário tour de force de duas das maiores historiadoras brasileiras da atualidade.” - Kenneth Maxwell

      A biografia tem 500 páginas, mais 165 de notas, cronologia e índice, termina no fim do Governo Itamar, com algumas considerações breves sobre o período posterior. A medida é salutar: uma obra desse gênero requer distanciamento histórico e os anos contemporâneos ainda são matéria-prima de reportagem jornalística e objeto de escrutínio.

     Ironicamente, o livro é finalizado em janeiro de 2015, e verifiquei que ele foi enviado para a gráfica em março, a tempo de citar em sua última nota, os protestos daquele ano, mas antes da erupção dos protestos de junho – talvez o evento mais importante para a biografia do menino Brasil nesses anos que testemunhamos. 

A antropóloga e historiadora Lilia Schwarcz fala sobre como foi concebida uma nova forma de contar a história do Brasil entrevistada pelo Dr. Dráuzio Varela
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