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ARÁBIA BRASÍLICA : A FASCINANTE OBRA DE ALBERTO SISMONDINI

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Alberto Sismondini é licenciado em Línguas e Literaturas Estrangeiras Modernas pela Universidade de Gênova, Mestre e Doutor em Literatura Comparada e Tradução Literária pela Universidade de Siena. É atualmente subdiretor do Centro de Línguas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Membro do Centro de Literatura Portuguesa da mesma Universidade desde 2006, a sua investigação tem-se centrado na literatura brasileira, nomeadamente nos autores de origem sírio-libanesa. Lecionou nas Universidades de Siena, Perugia (Itália), Bamberga e Hamburgo (Alemanha). É autor do ensaio I cedri del Sertão, publicado na Itália.

NOTA DA PROFª VERA DIAS : A leitura do livro de Alberto Sismondini foi muito esclarecedor para mim sobre

a literatura produzida por imigrantes libaneses , turcos e seus descendentes no Brasil. E o mais surpreendente foi saber que ele não tem formação arabista, mas efetuou leituras, pesquisas e estudos que o levaram a se familiarizar com a literatura de autores libaneses, conforme revelou em uma entrevista que transcrevi abaixo dessa nota,  para o blog da editora Ateliê, responsável pela publicação de sua obra. E, ao final, temos um excelente artigo do autor discutindo a importância da diáspora árabe na escrita do escritor catarinense Salim Miguel, descendente de libaneses.

ENTREVISTA

Arabia Brasilica: o fio da memória costurado por Raduan Nassar, Milton Hatoum e Salim Miguel

by Renata Albuquerque • 01/06/2017 • 

Por: Renata de Albuquerque
Fonte : https://blog.atelie.com.br/2017/06/arabia-brasilica/#.YNybZ-hKjIU

   Sem ter formação arabista, o italiano Alberto Sismondini, nascido em Ventimiglia, aproximou-se da cultura do Oriente fazendo um movimento parecido que o levara, na juventude, a aproximar-se da França, país fronteiriço à sua cidade natal. “Para ter a percepção de não estar a apodrecer no recanto mais recôndito da província italiana, era preciso ser bilíngue”, afirma. Foi por sentir falta de estar próximo de uma cultura “tão importante quanto a francesa” e por ler a literatura de autores libaneses francófonos que fez contato mais próximo com a cultura árabe.

   Esta familiaridade o levou a conhecer a literatura de autores como Salim Miguel, Raduan Nassar e Milton Hatoum, que se tornaram seu objeto de estudo no livro Arabia Brasilica. A seguir, Alberto Sismondini, que é Mestre e Doutor em Literatura Comparada e Tradução Literária pela Universidade de Siena, subdiretor do Centro de Línguas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra e Membro do Centro de Literatura Portuguesa da mesma Universidade desde 2006, fala sobre sua obra:

 

Alberto Sismondini

 

O que despertou seu interesse no estudo da cultura árabe?

Alberto Sismondini: Não tenho uma formação de arabista. De alguma forma, quando já vivia em Coimbra, estava a ressacar  com a falta de uma cultura de proximidade tão importante como a francesa. Gosto do francês e  das marcas da cultura francesa impressas no imaginário colectivo global, daqueles signos que Annie Ernaux aproveita nas suas narrativas, tal como uma ferramenta para revigorar a memória dos leitores e desta forma criar uma atmosfera empática de partilha de eventos. Acho que a literatura francesa viveu uma fase de franca popularidade ao virar do século, melhor dizer, do milénio, como puderam testemunhar as recentes atribuições do prémio Nobel a Le Clézio, a Patrick Modiano, além do naturalizado francês Gao Xingjian. Em Itália e Portugal, autores como Daniel Pennac, Muriel Barbery e Amélie Nothomb vendem bem.  Pela prática do francês, isto é ler livros de autores francófonos, conheci os trabalhos de Amin Maalouf, Sélim Nassib e, a seguir, os de Farjallah Haïk, autores libaneses que escolheram o francês como língua de comunicação literária. Nessa altura lia os trabalhos de Yasmina Traboulsi publicados pela «Mercure de France».Pois, o Líbano é considerado em França um país importante, o filho varão da francofonia; os jovens libaneses desde sempre eram considerados campeões em «dictée» , o ditado francês, um autêntico rito de passagem na aprendizagem da língua. Conhecia o Líbano como importante centro editorial do Oriente Médio. No início, confesso, a aproximação à cultura árabe deu-se pela francofonia. A seguir, veio a leitura morosa das Mil e uma noites na primeira tradução italiana do árabe, coordenada por Francesco Gabrieli, um bem conseguido projecto da editora Einaudi (1948). As Mil e  uma noites representam a meu ver um autêntico tratado de cultura árabe clássica.  Sinto-me também grato para com os colegas  da Universidade de São Paulo que, pelo seus escritos, me iniciaram de forma acádemica,  Safa Jubran, Michel Sleiman e Mamede Jarouche, este último com a sua própria tradução de alto cariz filológico das Mil e uma noites …

O que o levou a estudar a obra de Raduan Nassar, Milton Hatoun e Salim Miguel? Como se deu essa escolha?

AS: Uma autêntica epifania literária: Milton Hatoum apareceu em Coimbra na quarta-feira de cinzas de 1999 a apresentar a edição portuguesa do seu Relato de um certo Oriente. Foi um deslumbramento, o exotismo amazonense sobreposto ao exotismo orientalista,tudo redigido numa língua tão elevada! A seguir, foram publicados em Portugal Lavoura arcaica e Um copo de cólera de Raduan Nassar e Dois irmãos de Milton. Deu vontade para ler mais:relembro também de ter conseguido arranjar em Lisboa um exemplar brasileiro do Menina a caminho.

Enquanto no Brasil se  aproximavam as celebrações dos 500 anos da carta do achamento, surgiu Nur na escuridão de Salim Miguel, fiquei intrigado e avancei para ter mais bibliografia dele… e a consegui ter. Quem muito me apoiou nessa procura foi a docente de Literatura Brasileira  em Coimbra, Maria Aparecida Ribeiro.

ARTIGO

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Observação : Salim Miguel nasceu em Kfarssouron, no Líbano, em 30 de janeiro de 1924. Faleceu em Brasília em 22 de abril de 2016 .Veio para o Brasil com sua família quando tinha apenas três anos de idade; o desembarque aconteceu no Rio de Janeiro, estado onde permaneceram por volta de um ano. O destino final da família, no entanto, era o estado de Santa Catarina, mais especificamente Biguaçu, município da Grande Florianópolis. Durante a infância, Salim pôde conhecer um pouco do passado da cidade através das palavras de Ti Adão, ex-escravo centenário. Muito provavelmente, foram as histórias de Ti Adão que incentivaram o menino a criar seus primeiros cenários e personagens. Depois dos anos de adolescência, Salim deixou Biguaçu em direção à capital do estado: Florianópolis. Nessa época, em Florianópolis, a arte moderna estava apenas começando a florescer. Graças ao esforço de um grupo de jovens artistas, reunidos sob o nome de Círculo de Arte Moderna (CAM), diversas manifestações consideradas modernistas tomaram os palcos e as ruas de Florianópolis. Em 1948, o grupo fundou a Revista Sul, com a qual Salim contribuiria por cerca de dez anos.

     No ano de 1951, publicou seu primeiro livro, “Velhice e outros contos”. Mais de trinta títulos vieram ao longo dos anos seguintes, entre eles “A morte do tenente e outras mortes”, “Vida Breve de Sezefreno das Neves”, “Mare Nostrum” e “Nur na Escuridão”. Em parceria com sua mulher, Eglê Malheiros, também escreveu o roteiro do primeiro longa-metragem produzido em Santa Catarina, “O preço da ilusão”. Em decorrência do golpe militar de 1964, tanto Salim quanto Eglê foram presos por conta de seu ativismo político e cultural. Durante o mês e meio em que permaneceu na prisão, Salim manteve um diário ao qual ele retornou quase trinta anos mais tarde, dando-lhe contornos de ficção. “Primeiro de abril: narrativas da cadeia” foi publicado em 1994 e considerado o melhor romance do ano pela União Brasileira de Escritores. Entre as décadas de 1970 e 1980, Salim elaborou fotorreportagens para a revista Manchete e escreveu críticas literárias para o Jornal do Brasil. Entre 1983 e 1991, dirigiu a Editora da Universidade Federal de Santa Catarina (EdUfsc), fazendo com que ela se tornasse uma das mais importantes do país. Em 1993, assumiu a Fundação Franklin Cascaes, onde colaborou na definição de políticas culturais para Florianópolis. Mais tarde, em 2002, Salim Miguel recebeu o título de Doutor honoris causa da Universidade Federal de Santa Catarina (Ufsc) e o Prêmio Juca Pato de intelectual do ano da União Brasileira de Escritores. Já no ano de 2009, recebeu da Academia Brasileira de Letras (ABL) o prêmio Machado de Assis, em reconhecimento ao conjunto de sua obra.

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Para Saber Mais sobre literatura e cultura libanesas

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