
SERGIO SANT´ANNA, ESCRITOR E CRONISTA VISIONÁRIO (LEMBRANA DO MEU FACEBOOK)
Queridos alunos, seguidores e amigos. Esse conto foi escrito pelo falecido escritor e meu amigo, Sergio Sant´anna. Ele me tinha enviado em 2019 quando nos tornamos amigos pelo face. Foi publicada pela editora La Tosca e também na Folha de São Paulo em outubro de 2019.
Na época, a convite da La Tosca, 28 artistas brasileiros (escritores e cartunistas) escreveram obituários com as diferentes causas mortis de Jair Messias Bolsonaro. A publicação, em formato tabloide, foi organizada pelo escritor Ronaldo Bressane e teve apoio e impressão da Editora Reformatório. As mortes foram criadas por: Sérgio Sant’Anna, Mari Casalecchi, Noemi Jaffe, Edyr Augusto, Allan Sieber, Micheliny Verunschk, Nathalie Lourenço, Fred Melo Paiva, Santiago Nazarian, Marcelo Nocelli, Douglas Diegues, Rafael Campos Rocha, Leonardo Villa-Forte, Eduardo Kerges, Zé Maia, Nathasha Felix, Carlos Henrique Schroeder, Marcelo Ariel, Nelson de Oliveira, Christian Carvalho Cruz, Cristina Judar, Jacques Fux, Ian Uviedo, Simone Campos, Vicente Vilardaga , João Paulo Cuenca.
Uma narrativa bem irônica e peculiar como era de seu feitio escrever. Quando ele me enviou como foto da página do jornal como podem ver, eu respondi agradecendo com muitas risadas. Falei pra ele que estava morrendo de rir e ele respondeu que eu guardasse as risadas para o dia que isso acontecesse de fato, brincalhão como sempre.
Transcrevendo aqui o texto inteiro da página do jornal.
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38º da República Federativa do Brasil, Jair Messias Bolsonaro faleceu neste domingo, 15 de setembro de 2019, vítima de uma flecha envenenada, ao comparecer, junto com sua esposa Michelle Bolsonaro e seu filho Flávio Bolsonaro a um culto da Igreja Universal do Reino de Deus, celebrado pelo bispo Edir Macedo, em território dos índios Macuxi, em Rondônia.
O culto, celebrado com forte proteção militar, comandada pelo general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, corria muito bem, com os Macuxi contemplando curiosos e um pouco afastados a cerimônia, vestidos com trajes guerreiros e carregando bordunas rituais. Mas aconteceu que, no momento em que eram recolhidos, como oferendas, pequenos objetos de ouro dos indígenas, por um bispo auxiliar de Macedo e pelo filho do presidente, Flávio Bolsonaro, que carregavam cada um uma grande sacola, foi disparada, não se sabe por quem, vinda da mata, uma flecha envenenada que atingiu o presidente na região glútea. Tal veneno, recolhido de várias serpentes da região, conforme laudo do perito do exército, fez com que Jair Bolsonaro misturasse movimentos militares de ordem unida, como parecia pretender, com uma coreografia indígena, que, segundo o sertanista Augusto Moura Boas, é destinada a comemorar a morte de um inimigo traiçoeiro.
E Jair Messias Bolsonaro não demorou mais do que cinco minutos a falecer, apesar de todos os esforços da equipe médica que o acompanhava. Pensou-se aniquilar os índios ali mesmo, mas, tomando a si o comando, o vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, que também acompanhava o grupo de autoridades, mandou que todos baixassem os seus fuzis, desde que os indígenas não atacassem mais, o que eles não fizeram. Explicou o general a um repórter da Rede Globo que antes que se tomasse qualquer atitude, que poderia ser a de declarar guerra aos índios, o que traria enorme repercussão nacional e internacional, era preciso que todos os aspectos de uma linha sucessória presidencial fossem discutidos em Brasília, para onde ele embarcaria imediatamente de helicóptero.
Ah saudades do meu amigo. Que ele esteja na paz e na luz ! Que falta faz hoje meu querido ! Posso imaginar o que não estarias dizendo !